Pessoal, recebí esse email ontem, mas apenas hoje eu teve tempo de ver e publicar. Trata-se de tm texto para refletirmos sobre o nosso movimento! Abraços!
Hoje é segunda-feira, dia 26 de abril, próximo do nosso vigésimo dia de greve, fui pensar sobre a semana que passou. Ela foi chave para que vejamos o perfil da nossa greve, pois o quadro de forças e resistências começa a se apresentar, houve repercussão da intransigência do planejamento e corte de pontos, além de um posicionamento pra lá de duvidoso do gabinete ministerial do MMA e de sua Secretaria Executiva. Não entrarei no detalhe dessas questões porque não quero forçar mais uma versão dos fatos; deixemos isso tudo para os pronunciamentos oficiais dos canais estabelecidos pelo Comando de Greve.
Sei que muita gente sentiu o baque do descrito acima, mas quero contribuir com o que penso ser uma consciência de greve. E o que viria a ser isso? Chamo de consciência de greve toda a justificativa legítima, individual ou de uma categoria, íntima ou pública, que sirva de sustentação ao esforço da greve. Não confundir com as causas da greve, que são os objetivos trabalhistas da luta, que são públicos e objetos claros da negociação. A consciência de greve é uma coletânea de motivos, pessoas ou coletivos, que se juntam às causas da greve para normalmente reforçar e perseverar na luta, mesmo com adversidades promovidas pelo outro lado (aqui é o Planejamento mesmo!). Eis alguns exemplos:
– à intransigência das negociações e ao desrespeito pelos mecanismos de diálogo construídos em centenas de anos de organizações trabalhistas e com muito sangue e suor, minha luta se intensifica;
– conheço colegas em situação financeira pior do que a minha e que não poderiam ter o ponto cortado e que se mantêm firmes na greve. É por eles que também mantenho a minha luta;
– vi colegas que, como resposta aos maus tratos nas negociações, entregaram seus cargos de chefia, mesmo com prejuízos financeiros óbvios, a eles meu obrigado, meu apoio e minha luta; e
– vejo colegas que mantém seu trabalho por medo de chefias irresponsáveis, arrogantes e agressivas. Por eles, minha luta continua.
Enfim, meu repertório é muito mais extenso do que o apresentado e sei que o da maioria também o é. Da suposta fragilidade que se pensou infligida em nós só percebo nascer uma força que me era insuspeita até então: a da união. Se tiver uma coisa que “agradeço” ao MPOG foi ter me mostrado o quanto somos unidos num país extenso, múltiplo e desafiador como o Brasil e isso fortaleceu ainda mais a minha consciência de greve. Continuarei na greve, sim, pela carreira de especialista em meio ambiente e pelo que acredito.
Abraços e boa semana de greve a todos (as).
Felipe Diniz
PS. Pra terminar, uma comparação entre duas citações que, pra mim, ilustram bem o momento que vivemos.
“Nós não vemos necessidade de greve para o diálogo” – Marcela Tapajós*
Eis uma de nossas possíveis respostas à “dileta” senhora das negociações do MPOG, parafraseando um tal de Martin Luther King**, em 1967:
“A greve é a linguagem dos que não são ouvidos”
___________
* Marcela Tapajós e Silva (nem merece citação – só que é do SRH do Planejamento e está nas nossas negociações).
** Martin Luther King, Jr. (Atlanta, 15 de janeiro de 1929 — Memphis, 4 de abril de 1968) foi um pastor protestante e ativista político estadunidense. Membro da Igreja Batista, tornou-se um dos mais importantes líderes do activismo pelos direitos civis nos Estados Unidos e no mundo, através de uma campanha de não-violência e de amor para com o próximo. Se tornou a pessoa mais jovem a receber o Prémio Nobel da Paz em 1964. O seu discurso mais famoso e lembrado é “I Have a Dream” – “Eu Tenho Um Sonho”.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Martin_Luther_King_Jr.
Vale a pena informar a frase original “A riot is at bottom the language of the unheard” – “Uma revolta é, no fundo, a linguagem dos que não são ouvidos”
Felipe,
Obrigada por ter tão bem colocado em palavras esse sentimento que compartilho!
Graciema
Felipe, vou ler amanhã na Supes/DF essas reflexões assim como você e a Graciema compartilho do mesmo sentimento! Vou atualizá-lo e adicionar a possibilidade em ver um direito social cassado como mais um motivo para continuar em greve!
Abraços fraternos!
Lilian
PS. Felipe, você é do AC e tava conosco em Brasília?
Felipe,
Achei extremamente relevante e pertinente a sua “fala”. Estava conversando hoje com colegas sobre os ganhos dessa greve, os quais, estão, na minha opinião, ligados à greve de 2007. Há 3 anos nós paramos POR 2 MESES E MEIO para tentar impedir o absurdo que foi a divisão do Ibama. Não conseguimos, infelizmente, mas desde então, aprendemos que somos um grupo organizado que luta por uma causa nobre e não apenas por melhores salários. E é com essa certeza que sairemos dessa greve agora. O que mais importa nesse momento é termos clareza da nossa força, do nosso valor como servidores públicos, que não desistem de lutar por um país justo e melhor para TODOS! Somos idealistas sim, mas temos a obrigação de ser, principalmente porque temos clareza do quão predatório é o modelo de desenvolvimento adotado no país. Temos que ser um exemplo de resistência e de chamamento para que a sociedade acorde a tempo de mudar os rumos da política ambiental do Brasil! Parabéns pelo texto!
Mônica – CGPEG/DILIC